sexta-feira, 30 de março de 2012

Fios de Bia



Viçosos vôos
desenrolam
espirais
nos teus cabelos.

O que não nega em ti,
o anseio em tê-lo,
o zelo de usá-lo...

Que sejas tu
apenas
esse amplo voejar
sem penas

rondeando
os medos do armário;

Visando além do teto
os sóis que se balançam
doutros céus

num fio somente
perdurados.




C. St.


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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Cego Vôo




Vejo teus olhos se debaterem
como duas asas
desesperadas...

Querem voar
para o além das coisas.

(Mal sabes
que estas asas
são
as tuas próprias vendas)



C.St.


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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Um Estrangeiro no Mundo

               À Lima de Sá  


Quando ainda nuvem
no ventre da mãe,
já chorava a infinita
saudade do Pai:
O antes do verbo...

Viera da lira,
quando
ela ainda não existia;

Um pensamento alado
cujas asas
só se viam no descuido
nos seus lábios
ao frulhar um verso...

E lá,
no éter submerso
quando Deus inda dormia,
já se sabia antes do saber:
Que iria ser poeta sim...
Quando nascer!




C.St.


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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Hermestrino



Elementais
desdobram-se
no vácuo...

Pentáculo,
Calículo,
Báculo,
Iatagã:

Mago-mor.

Celebra
o que me é parte;
Ao que em mim
é Arte:

A alquimia
maior.




C. St.


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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Do Lixo Luxuoso



Nas ruas,
um carro mais caro que outro,
um catarro mais escarro...

E eu,
mais escárnio ainda.



C. St.


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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Alma que Ocoa






E tudo insiste ser
como se nunca outrora,
sido.
O “agora” dantes,
permanências...
Hoje,
frestas afiadas.


Do olhar algures
desnudar esferas,
resta
a des-espera
de jamais ter compreendido.


Alheio
era o nunca ter vivido,
nunca ter estado
e nunca ter nascido...


Não assusta a morte
seu brincar inofensivo,
nem as horas trinas
quando vai findando o dia.


Assusta esse afora
de adornados desmotivos,
desestares desdenhosos
de instantes retroativos...


O vago sensitivo
de voltar quilômetros 
de nadas...


Sem ao menos ter partido.




C.St.




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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Sagittarii

                 
     A
   ponta
     A
     L
     É
     M
     do
    arco:
    ÍRIS
     .
     .
     .
      

...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Implenitudes



Da janela,
pendia seu olhar no horizonte...
Além da linha:
Prados segredados e esperas.

No trabalho,
os dias
ralentavam-se
na inercia dos minutos.
Não se morria de alegria.

Falta de dinheiro?
Talvez o excesso...
(Era um tanto indecifrável)

– Viva cada instante! Um dizia.
–“Vivo” 
      é um instante 
                  que não passa...

Porém na vil verdade,
             passamos
             e detemo-nos,
             nalguns instantes.

Viver é diferente
de estar vivo!


Ela abre o armário da cozinha
e mal pode perceber as prateleiras
cheias de embalagens vazias.



C.St.


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Mãos de Vento, Tez de Mar...



A transparente mão na tez escreve
em versos tortuosos que se apagam,
são linhas delirantes que divagam
ao delicado tris dum risco leve.

E em canto plenilúnico descrevem
o sal da escuma aos lábios que se afagam;
Desejos são faluas que desaguam
das infinitas ondas indeléveis...

Mergulha à pele em língua, sede e vento.
Banzeiro... Ou num corcel a cavalgar;
O toque é liquefeito ao pensamento:

flutua no limite do calar.
Amar... É perscrutar um firmamento
na superfície trêmula dum mar.




C. St.


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Sobre Cães e Lobos



Com a mesma habilidade
eloquente
dum cachorro a ladrar...

Os homens
pelas praças
tagarelam muito bem!

Da mesma forma,
não se deve confiar
um osso 
próximo 

aos seus dentes!


C. St.


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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Expurgo


A dor é o carvão da mente humana,
motor da transcendente luz divina;
Descasca, amassa, moi, desilumina
e assopra sobre as lastimas mundanas.

E ao peito, a trinca - frágil porcelana;
Não sente o dia, as cores opalinas
rompendo a fina capa da retina
por entre o véu das gris venezianas.

Às vezes mira a linha vaporosa
das súplicas por vezes luminosas,
forjadas no viés do coração.

E logo na barreira do que existe,
desfia toda entranha de um ser triste
e o faz voar co’o lápis preso à mão.




C. St.


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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Sóis do Mundo


Na raquítica aurora,
liras choram à ruina da alma...

Calma,
   -Diz a eternidade-
      O fascínio distrai,
       mas a sabedoria 
          não descansa...
Do mundo,
qual esbelta porcelana
         não se partiria
à sucessivos golpes   
                de reflexão?





C. St.


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