domingo, 1 de maio de 2011

O Lusco-fosco

“Amanheceu”.
Dizem...

“Acorda!”

Do dia,
a corda
já se vê
dependurada.

É muito mundo,
dizem...
Pouco
pra’s pequenas coisas.

Já não cabe a tristeza de Maria
ou mesmo
a alegria de José...
Dispensa-se os motivos passageiros.

Cantam as buzinas!

Vegetantes,
que caminham semi-círculos
dão voltas sobre si,
beijam
próprio pé!


É muito mundo...

Não pra substancia
desalada,
o desabrigado;
Mas à estância
desalmada.

Oh mundo
de Ninguéns nas casas!

Projetados pela sombra
como se a própria sombra
fosse uma morada,

(a morada do espírito).

Se corpos já não bastam,
Alma agora cárcere!

Tártaros da carne
ao bico agudo dos abutres
lembram velho Prometeu...

Seu castigo...

Há chama desbotada
na candeia
e já não dá pra ser Deus!

Amanheceu...

Mais uma dia
à corda
pendurado...


Já pensando em
desamanhecer.





C. St



.....

Nenhum comentário:

Postar um comentário